Vídeos interativos: quando o espectador vira protagonista

Um dos recursos mais valiosos nos dias de hoje é a atenção. Sejam nossos amigos no Whatsapp, seja um comercial de TV, todos querem um tempo dos nossos olhos e das nossas mentes. Essa disputa acirrada por um recurso tão limitado faz com que cada vez mais as marcas sejam criativas na hora de entrar nessa batalha.

Uma das maneiras mais eficientes de chamar a atenção do público para um conteúdo é através da interatividade. Essa ferramenta tem um forte potencial de aumentar a conexão do usuário com o material apresentado, já que a interatividade ativa mais áreas cerebrais, como as ligadas à memória e ao prazer.

Além disso, outra maneira muito eficaz de prender a atenção do público é por meio de vídeos, sobretudo os vídeos curtos.

Alinhando, então, essas duas poderosas ferramentas chegamos a um recurso bastante promissor: os vídeos interativos.

O que são vídeos interativos

Diferente dos vídeos tradicionais, em que o espectador apenas assiste de forma passiva, os vídeos interativos permitem que o usuário participe ativamente, tomando decisões em relação ao conteúdo. Isso pode incluir desde escolhas narrativas, como em quizzes e cenários de “escolha sua própria aventura”, até menus clicáveis, formulários integrados e opções de compra diretamente no vídeo. Ou seja: vídeos interativos mantêm o público engajado e no controle da jornada.

Vídeos interativos no entretenimento

Um exemplo raiz de vídeo interativo é o programa Você Decide, exibido na TV Globo entre 1992 e 2000. Durante cada episódio, que teve diversos apresentadores durante suas temporadas, o público escolhia — pelo telefone! — entre dois finais diferentes. O final escolhido era exibido em seguida.

A Netflix também explorou o formato. Em 2017, lançou o curta-metragem animado “Gato de Botas: Preso Num Conto”. Esse especial infantil permitia que os espectadores tomassem decisões ao longo da história, moldando o enredo conforme suas escolhas.

No ano seguinte, foi a vez de “Black Mirror: Bandersnatch”, o primeiro conteúdo interativo da Netflix voltado para o público adulto. O filme, dos mesmos criadores da série “Black Mirror”, envolvia os espectadores em escolhas que afetavam o desenrolar da trama, resultando em múltiplos finais possíveis.

Stefan Butler, personagem da série Black Mirror: Bandersnatch – Foto: Pod Pop

O poder dos vídeos interativos

Mas os vídeos interativos fazem muito mais do que entreter. De acordo com uma pesquisa de 2024 da plataforma Wyzowl, 65% dos profissionais de marketing usam vídeos interativos, e 60% deles afirmam que esse formato traz os resultados mais eficazes. Outro estudo da Magna, em parceria com a IPG Media Lab, mostrou que vídeos interativos aumentam o tempo de visualização em até 47% em relação aos convencionais.

Uma das vantagens desse formato é que ele permite que as marcas conduzam o consumidor ao longo da jornada de compra até o momento de coleta de dados ou da compra direta. Em essência, o público se mantém engajado porque sente que está no controle. Esse envolvimento aumenta as chances de conversão, seja efetuar uma compra, seja preencher um formulário, por exemplo.

E falando em preencher formulários, outro grande diferencial dos vídeos interativos está na capacidade de coleta de dados. Cada clique, escolha ou interação pode ser mapeado, oferecendo insights valiosos sobre preferências e comportamentos do público, muitas vezes em tempo real. Para as marcas, isso representa uma oportunidade de refinar suas campanhas com base em dados detalhados de interação, e não apenas em impressões ou visualizações.

Grandes marcas

Sabendo dos benefícios dos vídeos interativos, grandes marcas lançam mão desse recurso. A Maybelline New York, por exemplo, precisava educar os consumidores sobre produtos de beleza e manter esses consumidores engajados para aumentar as vendas. Com esse objetivo, a marca uniu-se à agência ICED Media e à Rapt Media para criar a campanha #TheGlamourEye, que incluía um tutorial interativo. O vídeo era apresentado pela stylist Kelly Framel e permitia que os espectadores escolhessem quais looks de maquiagem queriam aprender e clicassem diretamente nos produtos apresentados.

A campanha foi lançada em seis países e atingiu um engajamento com a marca superior a três minutos por espectador, conquistando uma taxa de cliques para compra 14 vezes acima da média do setor, além de 6 milhões de impressões.

No Brasil, o Mercado Livre, uma das marcas anunciantes do reality show Estrela da Casa, também fez um ótimo uso dessa ferramenta. Em parceria com a Bring, a empresa desenvolveu um vídeo interativo apresentado pela ex-BBB Fernanda Bande, hospedado em um hub exclusivo da marca. No vídeo, o usuário encontrava duas situações nas quais o Mercado Livre poderia ter a solução. A partir daí, cada caminho levava a novas escolhas.

Outra anunciante de reality show que fez ótimo uso desse recurso foi a LATAM. A marca parceira do BBB24 também se juntou à Bring para criar um hub exclusivo, que hospedava um vídeo interativo. O vídeo, produzido em animação 2D, ajudava o usuário a encontrar o destino perfeito para sua viagem, com base em escolhas ao longo da jornada.

Ex-BBB Fernanda Bande em vídeo interativo para o Mercado Livre – Foto: Divulgação

Por que investir em interatividade agora

O avanço tecnológico e o comportamento cada vez mais dinâmico dos usuários mostram que estamos diante de uma nova era na comunicação digital. Nesse cenário, os vídeos interativos se destacam não apenas como uma tendência, mas como uma resposta direta ao que o público deseja: experiências mais ricas, personalizadas e participativas.

Com a interatividade, o vídeo deixa de ser uma via de mão única. Em vez de apenas transmitir uma mensagem, ele convida o espectador a fazer parte da narrativa, fortalecendo o vínculo entre marca e consumidor. E em um tempo em que conquistar e manter a atenção virou o maior desafio da publicidade, permitir que o público tenha voz — e escolha — dentro do conteúdo é um diferencial poderoso.

Mais do que inovação, os vídeos interativos oferecem resultados concretos: aumentam o tempo de permanência, melhoram taxas de conversão, ajudam a contar histórias mais envolventes e, de quebra, ainda fornecem dados preciosos para as estratégias de marketing.

Para as marcas, isso significa que o investimento nesse formato não é apenas uma inovação momentânea, mas uma estratégia de comunicação cada vez mais essencial. Com criatividade e um bom planejamento, marcas de todos os portes podem explorar esse formato. O importante é ter clareza sobre qual experiência se quer proporcionar e como ela pode gerar valor real para o público.

No fim das contas, investir em vídeos interativos é investir em relevância. É oferecer uma experiência tão memorável quanto significativa. E, em um mundo em que atenção é moeda, nada é mais valioso do que fazer o espectador querer ficar — e participar.

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