Podcast: a mídia ideal para uma sociedade (ultra)focada em produtividade   

Mulher branca usa fones de ouvido para escutar podcast no ônibus

Você já reparou que dificilmente estamos fazendo uma coisa só? A gente ouve música enquanto dirige, olha o celular enquanto anda (olha o perigo!), fala com um colega enquanto digita um e-mail… Isso sem falar nas 18 abas abertas no navegador do laptop. Numa sociedade que preza pela alta produtividade mais do que deveria, fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo costuma nos trazer uma grande satisfação. E o podcast é a mídia perfeita para ser seu acompanhante no multitasking.

Por ser um formato prioritariamente focado no conteúdo de áudio — ainda que muitos tenham também uma versão em vídeo — o podcast se encaixa facilmente na rotina das pessoas, por mais ocupadas que estejam, o que dá a ele um grande poder de alcance.

Segundo levantamento do DataReportal de 2025, o Brasil é o quinto país que mais consome podcast no mundo. São 60% dos internautas brasileiros consumindo o formato semanalmente.

Atualmente, cerca de 111,5 milhões de internautas consomem podcasts no Brasil. Ou seja, mais que a metade da população do país é ouvinte frequente do formato.

Podcast: uma conversa que conecta   

Um formato com todo esse poder jamais passaria despercebido pelas marcas, não é mesmo? Afinal, podcasts têm um tom naturalmente intimista. Isso dá às marcas a possibilidade de se mostrarem mais humanas e mais próximas dos ouvintes. E de forma autêntica.

Um relatório de 2024 da CoHost and Sounds Profitable indica que 76% das marcas que produzem podcasts têm como objetivo estabelecer liderança de pensamento; 64% buscam reforçar o posicionamento de marca; 60% querem aumentar o alcance da marca; e 38% usam podcasts para atrair novos clientes e engajar os atuais.

Outro estudo de uma empresa de pesquisa especializada em áudio, a Signal Hill Insights, aponta que 78% dos ouvintes mensais ouviriam um podcast recomendado por alguém do seu círculo social. Além disso, 61% dos ouvintes se sentiram mais favoráveis em relação a uma marca após ouvir um episódio produzido por ela.

Não é à toa que 90% das marcas pesquisadas pela CoHost and Sounds Profitable afirmam estar satisfeitas com os resultados de suas iniciativas de podcasting. Ou seja, uma ferramenta e tanto!

O banco que reflete sobre a vida

Em agosto de 2022, o Nubank lançou o podcast Chamaê, apresentado pelo músico, empresário e escritor Emicida. No programa, que teve quatro episódios, o artista recebia convidados para refletir sobre vida, trabalho, arte e música.

A escolha de Emicida trouxe autoridade cultural e credibilidade ao podcast, assim como os convidados, como o filósofo e líder indígena Ailton Krenak. Assim, o programa ajudou o Nubank a se posicionar como uma marca que abraça cultura, arte, reflexões sociais e diversidade. Além disso, a temporada curta e concentrada otimizou os esforços de divulgação e evitou a dispersão da audiência.

Reforçando a autoridade com um podcast

Em 2020, a Visa lançou o podcast O Amanhã, Hoje, apresentado pelo comunicador e palestrante Marc Tawil. A cada episódio, que variavam entre 30 e 50 minutos, especialistas da empresa e convidados do mercado de pagamentos debatiam temas como transformação digital, blockchain, criptomoedas, fidelização, dados, segurança e mobilidade urbana.

O podcast ainda teve uma segunda temporada, em 2021, ampliando sua abordagem. Os novos temas incluíam bancarização, cultura e propósito, com grandes convidados, como a empresária Luiza Helena Trajano e o atleta Daniel Dias, o que reforçou a proposta da marca de ir além de um produto.

Esse tipo de iniciativa mostra como uma marca pode usar o podcast como hub de conteúdo. Ao produzir debates relevantes para seu setor, a Visa ampliou seu alcance e fortaleceu sua autoridade e credibilidade.

Podcast de saúde sem tabu

Lançado pela Novo Nordisk em setembro de 2024, o podcast Meu Peso, Minha Jornada discute a obesidade com profundidade, acolhimento e credibilidade. Apresentado por Evaristo Costa, o programa sempre reúne uma dupla estratégica: uma personalidade que viveu sua própria trajetória de enfrentamento à obesidade e um especialista da área de saúde, como médicos e nutricionistas.

O resultado é um espaço de diálogo honesto sobre caminhos possíveis: procedimentos cirúrgicos, acompanhamento clínico, mudança de hábitos, atividade física e apoio medicamentoso. O podcast cria valor pela escuta, pela troca e pela construção de um ambiente seguro para falar de um tema ainda cercado de tabu.

Ao trazer relatos reais, vulneráveis e diversos, a Novo Nordisk se posiciona de maneira clara no combate e na prevenção da obesidade como doença crônica. De quebra, ainda reforça o posicionamento de autoridade e confiança da marca.

Evaristo Costa recebe convidados e especialistas em podcast sobre peso saudável — Video: Divulgação Instagram

Podcasts de adrenalina

Outro exemplo de sucesso, desta vez internacional, é o Mind Set Win: um podcast da Red Bull, com várias temporadas, que mistura comportamento, inovação e esportes radicais com o olhar provocador que já é um clássico  da marca. Em episódios que variavam entre dez minutos a uma hora, atletas, criadores e empreendedores compartilham histórias de superação e criatividade, sempre conectadas ao espírito “dê asas às suas ideias”.

O podcast amplia a presença da marca para além do energético e reforça seu papel como plataforma de conteúdo sobre performance e mente criativa. É um exemplo claro de como a marca transforma sua identidade em narrativa, não em propaganda.

Aliens & conspiração & tecnologia

Em 2015, a GE lançou o podcast The Message, que ganhou uma sequência no ano seguinte, chamada LifeAfter, ambos produzidos pelo selo interno GE Podcast Theater, em parceria com a plataforma Panoply.

No primeira temporada, a trama gira em torno de uma antiga transmissão alienígena para a Terra e um grupo de decifradores tentando entender sua origem. Na segunda, o enredo muda para um funcionário de baixo escalão no FBI que interage com mensagens da falecida esposa por meio de uma plataforma de áudio, o que o leva a um universo de conspiração, tecnologia e pós-vida digital.

O que torna esse podcast particularmente interessante é que a GE não fez um anúncio disfarçado: ela investiu em narrativa de ficção envolvente, de qualidade, que capturou a audiência, gerou engajamento e ainda permitiu associar a marca a inovação e tecnologia sem parecer forçado. Um excelente exemplo de conteúdo de marca que entretém.  

Podcast de ficção da Generel Electric engaja o público de forma surpreendente — Foto: Divulgação

Conquistando a rotina   

A força do podcast está em sua capacidade de criar intimidade e gerar valor por meio da escuta. Por isso, produzir ou patrocinar um podcast permite que a marca assuma o papel de editora ou publisher, falando sobre temas relevantes para seu setor, reforçando sua credibilidade e ampliando sua influência de maneira orgânica.

Além disso, mesmo sendo um formato de áudio, podcasts podem integrar estratégias de conteúdo digital, com páginas de episódio, transcrição, otimização para SEO: possibilidades que ajudam no tráfego e na visibilidade on-line.

Em um mundo em que o tempo é cada vez mais fragmentado, o áudio segue conquistando espaço justamente pela capacidade de engajar por períodos mais longos e por entrar no ritmo de vida das pessoas, em vez de interrompê-lo.

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