O consumidor de hoje circula por telas diversas: da TV tradicional aos apps de streaming, passando pelas redes sociais e até pelos jogos. E se a audiência é fluida, o conteúdo multiplataforma precisa ser também.
Nesse cenário, marcas que desejam ser relevantes precisam construir mensagens que se adaptem a cada canal, sem perder a essência. É aqui que entra a narrativa multiplataforma: uma costura estratégica que mantém a coerência da marca enquanto respeita a linguagem de cada meio.
Mas como criar um ecossistema de conteúdo que fale com consistência, preservando a originalidade de cada ponto de contato? Esse é o desafio das marcas.
O que é conteúdo multiplataforma?
Ainda que dialogue com o conceito de comunicação omnichannel, o conteúdo multiplataforma se sobressai, pois não basta estar presente. Isso porque sua estratégia vai além de pegar um mesmo material e simplesmente adaptá-lo: trata-se de criar narrativas que se desdobram conforme as características e os hábitos de cada canal.
O público consome informação de forma fragmentada e, ao mesmo tempo, contínua. Logo, fazer uma única peça para TV e, depois, apenas “traduzi-la de maneira automática” para o digital não é suficiente. Para atingir alcance e visibilidade em cada plataforma, é fundamental estudar e entender a linguagem de cada uma para, então, adaptar a mensagem. Por isso, desde o início, devem ser consideradas as variantes que vão engajar o espectador na TV, no streaming, no Instagram, no YouTube e em demais frentes.
Como planejar uma estratégia de conteúdo multiplataforma
Defina pilares criativos
A ideia central deve sustentar todas as vertentes da campanha. Se o conceito gira em torno de “liberdade”, por exemplo, todas as peças — do teaser para TV ao sticker para os stories — partem dessa ideia.
Um bom exemplo foi o evento Baile Funk BR.idgerton, da parceria Netflix Brasil, criado para promover a terceira temporada de Bridgerton. A ação aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e reuniu personalidades do entretenimento em um baile ao estilo carioca, remixando o universo da série com referências brasileiras.
O conteúdo se desdobrou em vídeos curtos, memes, música, figurinos, vídeos de bastidores e experiências presenciais, espalhados estrategicamente: OOH, Instagram, YouTube e TikTok. A partir dessa campanha, a ação venceu o TikTok for Business na categoria “Melhor integração entre TikTok e offline”.
Mapeie a jornada do usuário
Identifique onde e quando o público vai interagir com cada formato. Talvez ele descubra um trailer no YouTube, busque detalhes no site e comente o que achou no X, por exemplo.
Quer ver um reality show que faz isso e muito bem? O Big Brother Brasil. Cada conteúdo presente nas plataformas tem uma intenção e um molde — na TV, no Globoplay, no gshow, no WhatsApp, no X, no Instagram, no TikTok e mais.
Roteirize de forma modular
Crie blocos de conteúdo que podem ser combinados ou expandidos conforme o canal. Um vídeo mais longo para o streaming, por exemplo, pode ser dividido em cortes rápidos para os Reels.
A ação Clash of Giants é exemplo disso. Criada para o lançamento da fragrância refrescante Clash, de O Boticário, a websérie de dois episódios explorou o conceito “da pressão nasce a força”. O conteúdo foi lançado no Instagram e no YouTube da marca, com ativações ao vivo no Boa Vista Village Surf Club e desdobramentos exclusivos na CazéTV, onde jurados como Gabriel Medina, Rodrigo Santoro, Nicolas Prattes e L7nnon avaliaram surfistas diante dos desafios das ondas. Assim, cada canal cumpriu um papel: gerar impacto visual, engajamento e conexão emocional.
Adapte por canal
Leve em conta a dinâmica, o formato e o comportamento do usuário. Na TV, a narrativa é linear; já no digital, o ideal é que a navegação seja não sequencial, para que a mensagem seja compreendida em qualquer ordem que o usuário for impactado.
Um case que retrata essa remodelagem é o programa CNN Viagem & Gastronomia, que abraça pay TV, Samsung TV plus, Prime Video, YouTube, Instagram, TikTok, site e newsletter. Dessa forma, com mais de 15 milhões de impactos mensais, o projeto conduzido pela publicitária e jornalista Dani Filomeno mostra como adaptar o conteúdo sem perder a essência editorial.
Exemplos de peso
O Porta dos Fundos é um bom exemplo de conteúdo multiplataforma versátil. O grupo começou em 2012 no YouTube, mas hoje está em várias frentes: tem especiais na Netflix, parceria com canais como o Multishow, canal próprio com bastidores (“Fundos da Porta”), talk show de viagens no YouTube (“Porta Afora”) e presença ativa em redes sociais. Tudo isso sem perder a essência de humor afiado e roteiros bem amarrados. Essa capacidade de adaptar o conteúdo ao formato de cada plataforma, mantendo a identidade criativa, é o que fortalece a marca.
Essa abordagem foi tema no Web Summit Rio 2025 no painel “Welcome to the Future of Cross-Platform Storytelling”. Os convidados? Fábio Porchat, cofundador do Porta, e Patricia Muratori, do YouTube América Latina. Ali, mostraram como essa estratégia se desenvolve na prática: criando conteúdos originais, mantendo autenticidade e explorando novos formatos, como canais FAST (Free Ad-supported Streaming Television) — canais de streaming gratuitos que exibem conteúdo audiovisual, geralmente em formato linear (como a TV tradicional), com anúncios. Mais do que estar em muitos lugares, o Porta dos Fundos mostra como fazer isso de maneira orgânica e relevante, conversando com públicos diferentes em cada canal.
Seguindo essa lógica, o iFood também aposta em uma presença multifacetada que dialoga com diversos perfis. A marca se comunicou com o meio esportivo ao ser patrocinadora oficial da CazéTV no YouTube durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, ampliando seu alcance para além do ambiente digital tradicional.
Além disso, o app de delivery se destaca como a marca brasileira mais conhecida pelos gamers. Segundo um estudo realizado em 2025 pela Go Gamers e SX Group, em parceria com a Blend New Research e a ESPM, que ouviu mais de 6 mil pessoas, o iFood lidera o reconhecimento nesse nicho tão importante. Não é à toa. A marca produz conteúdo no próprio app, com pop-ups personalizados, no YouTube, Instagram, TikTok, bem como conteúdo para TV, newsletter e um podcast no Spotify. Uma construção de conexão sólida e diversificada com seu público.
O que rola na gringa?
A campanha “You Can’t Stop Us”, da Nike, lançada em 2020 é mais um case. A começar com sua edição visual de tirar o fôlego, mas principalmente pela narrativa poderosa de união, superação e movimento coletivo. O vídeo principal usa uma tela dividida para sincronizar os movimentos de atletas de diferentes modalidades. Narrado por Megan Rapinoe, o filme traz nomes como LeBron James, Serena Williams e Cristiano Ronaldo, em um manifesto contra os desafios de um ano marcado pela pandemia e por pautas sociais urgentes.
Mas o sucesso da campanha não se resumiu ao vídeo: ele foi apenas o ponto de partida de uma estratégia pensada para diversos formatos e plataformas. Isso porque a mensagem central se desdobrou em ações nas redes sociais, parcerias com influenciadores, outdoors, campanhas digitais, além de conversas provocadas em torno do tema nas comunidades esportivas e sociais.
O reconhecimento veio: a campanha conquistou o Emmy de Outstanding Commercial (2021), o Grand Prix de Filme no Cannes Lions, dois prêmios no Webby Awards e ainda um Clio de Ouro em Efeitos Visuais. Uma ideia poderosa transmitida em um ecossistema.
Como a gente atua na criação de conteúdo multiplataforma
Na Bring, começamos pelo insight: mergulhamos na cultura do público e entendemos suas motivações. A partir disso, desenvolvemos narrativas que respeitam as particularidades de cada veículo e plataforma.
Pesquisamos e identificamos os canais mais relevantes e os comportamentos de consumo. Em seguida, criamos estruturas de conteúdo, adaptadas em ritmo, linguagem e formato conforme a necessidade. Toda a produção é pensada de forma integrada, com redação, direção, edição e motion graphics atuando de maneira colaborativa. Além disso, podemos apoiar a marca na definição de estratégias de amplificação, indicando os canais mais adequados.
Quer construir campanhas com consistência em todas as telas? A gente pode te ajudar a desenvolver seu próximo projeto multiplataforma. Vamos conversar?