Advergame: quando maratonas de jogos viram oportunidades de marca

A junção das palavras em inglês advertise, que significa anunciar, e game, que quer dizer jogo, forma o termo advergame. Essa é a estratégia que utiliza jogos digitais como meio para promover marcas, produtos ou serviços.

Se você é fã de um gameplay, vai entender do que estamos falando aqui. Afinal, é bem possível que você já tenha sido impactado por anúncios durante alguma maratona. No entanto, essa é só uma maneira, talvez a mais comum, de usar a publicidade em jogos. Sabia que essa estratégia já é empregada desde os anos 80? E que já rolou até propaganda de candidato à presidência em jogos?

Vem ver os tipos de advergame e exemplos com a gente!

Dando o headshot perfeito

Marcar presença no mundo dos games é uma jogada certeira para quem quer engajar o público de forma leve e dentro do dia a dia. Há pelo menos três maneiras de fazer isso: a primeira é criar ou patrocinar um jogo que tenha a cara da marca, com elementos no enredo, personagens ou ambientação.

Outra opção é colocar o game dentro dos próprios canais da marca, como o site ou as redes sociais, incentivando o público a passar mais tempo por ali. E tem ainda o in-game advertising: aquele formato em que o produto aparece direto no jogo, como um outdoor virtual ou item do cenário. Em todos os casos, vale apostar na criatividade e pensar em como o universo dos games pode se conectar com a identidade da marca.

Do Atari à realidade virtual

Muito antes dos gráficos hiper-realistas, já tinha marca colocando a mão no controle. Em 1983, a Johnson & Johnson lançou o Tooth Protectors, advergame desenvolvido pela DSD/Camelot para o Atari 2600. Era só enviar os selos de compra pelo correio e garantir sua fita (isso sim era brinde!). A missão do jogo? Proteger dentes de ataques como placa bacteriana usando escova, fio dental e enxaguante, tudo da linha J&J.

Propaganda do Tooth Protectors, jogo para Atari 2600 idealizado pela Johnson & Johnson, em 1983 – Fonte: atarimania.com

Naquele mesmo ano, a Coca-Cola foi mais ousada e mirou direto na concorrência: redesenhou o clássico jogo de tiro Space Invaders para criar o Pepsi Invaders, em que o jogador precisava derrotar… bem, as letras da palavra PEPSI.

Quatro décadas depois, o conceito evoluiu, mas a ideia continua: transformar a experiência com a marca em uma brincadeira imersiva. Em 2024, a Asics Ventures, em parceria com a Meta e o estúdio m ss ng p eces (sim, o nome é esse mesmo, leia novamente), lançou o Disc, um game em realidade virtual. Voltado tanto a iniciantes em RV quanto aos mais experientes, o jogo tem um visual futurista e uma dinâmica simples: o jogador lança um frisbee e se esquiva dos ataques em um cenário cheio de movimento.

Dos pixels quadrados às arenas em RV, o que não mudou foi a estratégia: criar conexão verdadeira com o público por meio do entretenimento. Afinal, quando a marca cria o próprio jogo, ela não só entra na história, mas escreve as regras.

Games direto nos canais da marca

Sabe quando você está rolando o feed distraidamente e, do nada, dá de cara com um caça-palavra ou um gif que desafia a parar no frame exato? Ou então aquele clássico jogo dos sete erros, que faz a gente dedicar uns minutinhos comparando imagens? Nada disso aparece por acaso.

Esses desafios disfarçados de passatempo são advergames criados para prender o olhar, provocar cliques e aumentar o tempo de permanência em um canal específico — seja qual for. O site da LEGO é um ótimo exemplo. Enquanto você está passeando pela home, vai se deparar com um botão: Zona de brincadeira. Clicando ali, o universo dos blocos de montar vira um fliperama digital, cheio de jogos autorais. É diversão com objetivo claro: gerar interação e, assim, fazer a marca ficar na memória de quem joga.

Mergulho digital

Ainda tem as marcas que se inserem dentro dos jogos de forma orgânica. Igual aos logotipos presentes nos alambrados do eFootball™, sabe? Indo além dessa simplicidade, as Lojas Renner investiram em advergame em 2021. Como? Criaram uma flagship virtual no Fortnite, com acesso gratuito e atrações exclusivas como dez minigames (“o chão é lava”, “corredores coloridos”, “pisos instáveis” e outros). O cenário reproduz fielmente uma loja física, inclusive o Encantômetro, a avaliação de experiência da compra.

Além disso, QR Codes foram espalhados pela loja para levar o usuário direto às seções feminino, masculino e infantil das lojas virtuais Renner. Resultado: aumento de tráfego digital e consolidação de presença em um universo jovem e conectado. Veja!

Renner marca presença no Fortnite, jogo de tiro e sobrevivência.

Aliás, até o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já usou o in-game advertising para promover suas campanhas eleitorais. Em 2008, as propagandas de Obama foram veiculadas em mais de 18 jogos, segundo o site GameSpot. Dentre eles, a versão para Xbox 360 do jogo de corrida Burnout Paradise. Além disso, nas reeleições de 2012, o americano tornou a usar esse recurso, anunciando, também, em jogos online, como Tetris.

Vale a pena investir em advergame?

De acordo com a Pesquisa Game Brasil (PGB), que em 2025 está em sua 12ª edição, o hábito de consumo de jogos digitais aumentou 8,9 p.p. em relação ao ano anterior, totalizando 82,8%. Uma curiosidade sobre esses dados é que quase metade (49,4%) desses gamers estão na faixa dos 30 a 44 anos. É muito comum achar que o advergame impacta apenas adolescentes e jovens adultos, mas, atualmente, isso não é tão verdadeiro assim.

A pesquisa também indica forte participação do público feminino dentre os gamers brasileiros. Dos mais de 6 mil respondentes da pesquisa, 53,2% se identificam como sendo do gênero feminino, contra 46,8% do masculino. Então, percebe-se que o hábito de jogar não tem relação com o sexo, ou seja, tem produtos para todos os perfis. Um destaque, no entanto, é que 61% das mulheres declaram maior preferência pelos smartphones, enquanto apenas 39% dos homens escolhem esse dispositivo para jogar. A preferência masculina fica com o PC (66,9%).

Logo, entrar no universo gamer é abrir portas para uma das comunidades mais engajadas e influentes da atualidade. Como pudemos observar nos dados, o Brasil tem um público amplo e diverso de jogadores. Marcas que apostam em influenciadores de nicho, como streamers e criadores de conteúdo, criam conexões autênticas com um público altamente conectado e fiel. Em resumo, anunciar em jogos digitais é uma estratégia que promete crescer bastante nos próximos anos. Para isso, bom entendimento do público-alvo e uma dose extra de criatividade estão em jogo. E, que vença o melhor!

Veja nossos cases do universo gamer.

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